segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Do caderno

Em maio do ano passado meus avós foram morar na chácara onde viviam minha mãe e minha irmã. Houve uma grande reforma de cerca de seis meses e a casa foi aumentada, a cozinha foi adaptada, a rotina mudou. Antes eu cumpria o ritual de "ir à casa da vó". Agora meu filho vê avó e bisavós duma tacada só.

Ficou para trás uma casa gigante e ainda cheia de muitas coisas que jamais poderiam participar da grande mudança. Desde então o que ainda estava lá vai saindo a conta-gotas e fazendo parte de outros lares: móveis, livros, toalhas de mesa, utilidades domésticas, objetos de decoração. Gosto de olhar para as coisas e imaginar sua história antes de elas virem para minhas mãos.

Na última semana fizemos mais uma excursão para tentar separar melhor o que pode ser descartado e o que vai ser guardado, vendido ou doado. Tarefa demorada. Esvaziando um móvel da cozinha (candidato a fazer parte da minha nova casa, seja lá qual for ela e quando for acontecer) encontrei um caderno brochura, parcialmente encapado com uma estampa de revista: uma criança de maiô amarelo e touca branca, pescando em uma canoa; folhas amareladas e cheias de escrita em tinta azul e vermelha e de recortes de jornais e revistas.




De volta à chácara, mostrei à minha avó o achado, entre risadas. Ela se surpreendeu e riu também, explicando que era seu caderno de Economia Doméstica no ginásio. Muito tempo atrás.

Eu me senti folheando um gordo passaporte para um mundo muito diferente e às vezes um pouco parecido com o meu.

3 comentários:

Inilein disse...

Pois é... eu fiquei com um dos diários do Zé correto... A Laura ficou com outro, mas não tenho coragem de postar, afinal, são histórias dele, né? Mas é muito bom ler aquilo... Pena q a aluna Z. achou que a gente ia ficar rindo de lero que ela escrevia e queimou os dela...

Bia, Desperate Housewife disse...

Eshcuta, e o que tinha no caderno de economia doméstica da aluna Z. hã? Curiei agora.

. disse...

Você verá. hehehe